PROFESSOR UTILIZA
APLICATIVO PARA INCLUIR ALUNO SURDO
Por Maria Gracilene Lacerda Inoue, RU
1554106
Polo – Lucas do Rio Verde MT
Data 22/08/2017
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Fonte:
http://wp.clicrbs.com.br/erechim/2010/11/01/aluno-surdo-da-fae-faz-primeiro-estagio-do-curso-em-escola-para-criancas-ouvintes/.
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Na cidade de Lucas do
Rio Verde no estado do Mato Grosso/MT, professor da educação infantil surpreende
a todos ao adotar na sala de aula o uso de um aplicativo como forma de
possibilitar a comunicação entre seus alunos na sala de aula, o motivo? A
chegada de um aluno surdo.
Rodrigo Aguiar é
professor a seis anos, atuante na rede púbica e privada do município de Lucas
do Rio Verde, em ambas as redes dedica-se a atender alunos da Educação
Infantil, na faixa etária de 3 a 5 anos. No segundo trimestre deste ano, o
professor foi surpreendido com a chegada de um novo aluno em sua turma do
infantil V, Henrique de 5 anos; o que surpreendeu não foi a chegada de um novo
aluno, mas sim o fato do aluno ter uma necessidade especial, a surdez; no
inicio o professor afirmou ter ficado um pouco receoso, por ter pouquíssimos
conhecimentos de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais – no entanto, isso não o
impediu de buscar meios para ajudar seu novo aluno.
O professor recorreu à
coordenação da escola, pedindo que de alguma forma a escola providenciasse
meios para ajuda-lo nesse novo desafio. Enquanto isso, o professor decidiu por
conta própria pesquisar sobre a deficiência da surdez, obtendo assim,
conhecimentos importantes sobre a forma de aprender de Henrique.
Henrique sabia utilizar
poucos sinais em Libras, pois por mais que sua família demostrasse interesse em
ajudar, obtinha poucos recursos e conhecimentos sobre o assunto.
A escola conseguiu
encaixar o professor em um curso de formação continuada que poderia ajuda-lo em
seu trabalho. No entanto, enquanto providencias iam sendo tomadas por parte da
escola, o aluno precisava sentir-se de fato incluído na sala de aula, e um dos
maiores obstáculos para isso era a comunicação. Então, o professor decidiu
primeiramente conscientizar o restante dos alunos sobre a deficiência do novo
colega, e posteriormente pediu que Henrique compartilhasse com seus colegas os
sinais que conhecia. Aquela foi uma aula rica, os outros alunos, acharam muito
divertido aprender a “falar” com as mãos.
Segundo o professor Rodrigo,
certo dia ao pesquisar sobre metodologias diferenciadas para serem utilizadas
com alunos da Educação Infantil, pensou na possibilidade de haver uma
tecnologia que pudesse contribuir com a comunicação entre Henrique, as outras
crianças e ele; e após pesquisar alguns aplicativos, decidiu testar com sua
turma o Librazuka, um aplicativo criado com o objetivo de que os usuários
aprendam Libras de forma divertida. Esse aplicativo permite o aluno visualizar os movimentos de
mãos, enquanto se clica em opções de aprender o alfabeto, números, palavras
mais comumente usadas no dia a dia como comprimentos, e ainda jogos.
Segundo a coordenação da
escola que acompanha o trabalho do professor de perto, os resultados foram
surpreendentes, pois com a ajuda do aplicativo houve melhoras significativas na
comunicação de Henrique com a seus colegas e com o professor. A diretora da
escola posiciona-se sobre a iniciativa do professor lembrando que “o mais
surpreendente foi vê como ficou mais fácil para Henrique aprender os conteúdos
após o uso do aplicativo”.
O professo ainda fez questão de explicar que o uso
do aplicativo Librazuka não foi a única
novidade na sala, com a chegada de Henrique, ele diz “ sou desafiado
diariamente em meu fazer pedagógico, pois Henrique precisa principalmente
visualizar aquilo do que se fala, e com isso, passei também a utilizar mais
recursos visuais como, multimídias, livros ilustrados, dentre outros, assim, eu
acredito que consigo atender a todos, alguns dos outros alunos, me disseram que
gostam mais desse jeito de assistir a aula”.
O professor de Henrique
demonstrou alegria pelo sucesso obtido com o aluno, porém, lamenta, por saber
que falta muito conhecimento sobre a surdez, o uso de Libras, e ainda, por
estar ciente de que poucos de seus colegas demonstram interesse pelo assunto.
No Brasil a Libras é
reconhecida oficialmente e foi promulgada pela Lei nº 10.436 de 24 de abril de
2002, essa mesma Lei foi regulamentada pelo Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro
de 2005. No entanto, muito se desconhece
dos direitos garantidos aos cidadãos brasileiros surdos no que diz respeito ao
uso de Libras e a inclusão desses, principalmente no ambiente escolar.
Ao ser questionado sobre
a prática da inclusão de alunos surdos no Brasil, o professor responde que: “Apesar
do termo inclusão ser tão abrangente, na prática significa mais do que
estrutura física, é necessário também profissionais preparados para receber
esses alunos nas escolas. Além dos profissionais, os alunos sentem a
necessidade de interagir também com seus colegas, porém, como a grande maioria
desconhece o uso dos sinais de Libras, o aluno surdo acaba sendo excluído na
sala de aula”.
O professor cita algumas
iniciativas que poderiam contribuir para a inclusão do aluno surdo: “maior
difusão da Libras em currículos escolares, e o maior interesse dos educadores
em se aprofundar no assunto, além de politicas públicas que objetivem promover
maiores discussões sobre o assunto”.
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