quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Professor utiliza aplicativo para incluir aluno surdo



PROFESSOR UTILIZA APLICATIVO PARA INCLUIR ALUNO SURDO

Por Maria Gracilene Lacerda Inoue, RU 1554106
Polo – Lucas do Rio Verde MT
Data 22/08/2017


Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/erechim/2010/11/01/aluno-surdo-da-fae-faz-primeiro-estagio-do-curso-em-escola-para-criancas-ouvintes/. 

Na cidade de Lucas do Rio Verde no estado do Mato Grosso/MT, professor da educação infantil surpreende a todos ao adotar na sala de aula o uso de um aplicativo como forma de possibilitar a comunicação entre seus alunos na sala de aula, o motivo? A chegada de um aluno surdo.

Rodrigo Aguiar é professor a seis anos, atuante na rede púbica e privada do município de Lucas do Rio Verde, em ambas as redes dedica-se a atender alunos da Educação Infantil, na faixa etária de 3 a 5 anos. No segundo trimestre deste ano, o professor foi surpreendido com a chegada de um novo aluno em sua turma do infantil V, Henrique de 5 anos; o que surpreendeu não foi a chegada de um novo aluno, mas sim o fato do aluno ter uma necessidade especial, a surdez; no inicio o professor afirmou ter ficado um pouco receoso, por ter pouquíssimos conhecimentos de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais – no entanto, isso não o impediu de buscar meios para ajudar seu novo aluno.

O professor recorreu à coordenação da escola, pedindo que de alguma forma a escola providenciasse meios para ajuda-lo nesse novo desafio. Enquanto isso, o professor decidiu por conta própria pesquisar sobre a deficiência da surdez, obtendo assim, conhecimentos importantes sobre a forma de aprender de Henrique.

Henrique sabia utilizar poucos sinais em Libras, pois por mais que sua família demostrasse interesse em ajudar, obtinha poucos recursos e  conhecimentos sobre o assunto.

A escola conseguiu encaixar o professor em um curso de formação continuada que poderia ajuda-lo em seu trabalho. No entanto, enquanto providencias iam sendo tomadas por parte da escola, o aluno precisava sentir-se de fato incluído na sala de aula, e um dos maiores obstáculos para isso era a comunicação. Então, o professor decidiu primeiramente conscientizar o restante dos alunos sobre a deficiência do novo colega, e posteriormente pediu que Henrique compartilhasse com seus colegas os sinais que conhecia. Aquela foi uma aula rica, os outros alunos, acharam muito divertido aprender a “falar” com as mãos.

Segundo o professor Rodrigo, certo dia ao pesquisar sobre metodologias diferenciadas para serem utilizadas com alunos da Educação Infantil, pensou na possibilidade de haver uma tecnologia que pudesse contribuir com a comunicação entre Henrique, as outras crianças e ele; e após pesquisar alguns aplicativos, decidiu testar com sua turma o Librazuka, um aplicativo criado com o objetivo de que os usuários aprendam Libras de forma divertida. Esse aplicativo  permite o aluno visualizar os movimentos de mãos, enquanto se clica em opções de aprender o alfabeto, números, palavras mais comumente usadas no dia a dia como comprimentos, e ainda jogos.

Segundo a coordenação da escola que acompanha o trabalho do professor de perto, os resultados foram surpreendentes, pois com a ajuda do aplicativo houve melhoras significativas na comunicação de Henrique com a seus colegas e com o professor. A diretora da escola posiciona-se sobre a iniciativa do professor lembrando que “o mais surpreendente foi vê como ficou mais fácil para Henrique aprender os conteúdos após o uso do aplicativo”. 

O professo ainda fez questão de explicar que o uso do aplicativo  Librazuka não foi a única novidade na sala, com a chegada de Henrique, ele diz “ sou desafiado diariamente em meu fazer pedagógico, pois Henrique precisa principalmente visualizar aquilo do que se fala, e com isso, passei também a utilizar mais recursos visuais como, multimídias, livros ilustrados, dentre outros, assim, eu acredito que consigo atender a todos, alguns dos outros alunos, me disseram que gostam mais desse jeito de assistir a aula”.

O professor de Henrique demonstrou alegria pelo sucesso obtido com o aluno, porém, lamenta, por saber que falta muito conhecimento sobre a surdez, o uso de Libras, e ainda, por estar ciente de que poucos de seus colegas demonstram interesse pelo assunto.

No Brasil a Libras é reconhecida oficialmente e foi promulgada pela Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, essa mesma Lei foi regulamentada pelo Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005.  No entanto, muito se desconhece dos direitos garantidos aos cidadãos brasileiros surdos no que diz respeito ao uso de Libras e a inclusão desses, principalmente no ambiente escolar.

Ao ser questionado sobre a prática da inclusão de alunos surdos no Brasil, o professor responde que: “Apesar do termo inclusão ser tão abrangente, na prática significa mais do que estrutura física, é necessário também profissionais preparados para receber esses alunos nas escolas. Além dos profissionais, os alunos sentem a necessidade de interagir também com seus colegas, porém, como a grande maioria desconhece o uso dos sinais de Libras, o aluno surdo acaba sendo excluído na sala de aula”.

O professor cita algumas iniciativas que poderiam contribuir para a inclusão do aluno surdo: “maior difusão da Libras em currículos escolares, e o maior interesse dos educadores em se aprofundar no assunto, além de politicas públicas que objetivem promover maiores discussões sobre o assunto”.

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