quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Aplicativo Brasileiro Promove Comunicação e Aprendizagem Entre Aluna Surda e Professor Com Deficiência Formativa em LIBRAS

Aplicativo Brasileiro Promove Comunicação e Aprendizagem Entre Aluna Surda e Professor Com Deficiência Formativa em LIBRAS
Por: Gian Molinari Martini RU: 1319720
PAP Lucas do Rio Verde-MT

Data: 10/08/2017
O aplicativo VLibras é disponível nas versões IOS, Android e para os principais navegadores da internet (Fonte: http://www.bengalalegal.com/blog/?p=3138).

O artigo 9 da lei 5.626 prevê a “inclusão da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como disciplina nos cursos superiores que tem por objetivo a formação de docentes”. Como o decreto foi publicado em 2005, o professor André da Silva Passos, que leciona há dezessete anos na escola William Shakespeare em Lucas do Rio Verde-MT a matéria de geografia, não teve a disciplina LBRAS em sua grade curricular de formação. No começo desse ano letivo (2017), o docente, se deparou com uma dificuldade, sua aluna Clara (12 anos), do sétimo ano, era surda. A instituição teve dificuldade para encontrar um interprete de LIBRAS para a estudante, desta forma, o educador passou a pensar em um meio de estancar sua falha de formação e comunicar-se com Clara, promovendo a absorção dos conteúdos trabalhados em sala de aula, inclusão e a interação entre ela e os colegas, que assim como ele não tem discernimento da Língua Brasileira de Sinais.

O professor, junto a coordenação da escola e os demais docentes, passaram a buscar uma solução para a situação, foi então que, por meio de pesquisas na internet, nos sites do Ministério da Educação (MEC) e do Portal Brasil, encontraram o aplicativo VLibras. Segundo o site do aplicativo, a inovação é “resulta de uma parceria entre o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MP), por meio da Secretaria de Tecnologia da Informação (STI) e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB)”. O VLibras funciona como um tradutor, do português para LIBRAS, como Hand Talk conhecido mundialmente e aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU), ambos promovem a tradução através de um interprete virtual. O interprete do VLibras usa roupa azul escura, tem a pele clara, cabelos preto, olhos e nariz grande, como mostra a imagem acima. Diferente do Hand Talk, o aplicativo brasileiro está disponível para ser instalado em aparelhos celulares e tabletes com sistemas Android e IOS e também para os computadores/notebooks em seus principais navegadores (Google Chrome, Internet Explore e Mozilla Firefox). O programa, não precisa de conexão com a internet após sua correta instalação. Os usuários do VLibras contam com um manual de instruções que pode ser baixado em seu site oficial (www.vlibras.gov.br), podem se tornar colaboradores e encontrar outras ferramentas relacionadas ao aplicativo.

Nos sites da internet, basta selecionar uma palavra ou frase, maximizar a janela do VLibras, dar um “player” e automaticamente o interprete virtual dá a tradução com a gesticulação das mãos em LIBRAS, porem, uma desvantagem deste recurso é que o interprete não movimenta os lábios, dificultando a compreensão dos receptores surdos, principalmente os que têm a habilidade de fazer leitura labial. Outros pontos negativos é que, algumas expressões linguísticas não se enquadram na Língua Brasileira de Sinais, inibindo a tradução, por fim, o uso do celular dentro da sala de aula, sofre restrições diante de sua aceitação por parte dos professores, que o veem mais, como maleficio do que beneficio. O VLibras dispõe de ferramentas como aumenta, pausar ou diminuir a velocidade da tradução, além  da poder ampliar a tela e optar se quer legenda ou não no decorrer da tradução. O aplicativo é gratuito e este disponível para todas as idades, desde que, os surdos beneficiados dominem a língua de sinais (primeira língua) e a língua portuguesa (segunda língua).

Antes de ministrar suas aulas de geografia, o professor conta que, costuma adiantar os conteúdos trabalhados nas aulas posteriores para que Clara pesquise sobre o assunto abordado. No decorrer das aulas, por meio do celular, a estudante digita suas duvidas, em língua portuguesa, o professor as lê e através do VLibras responde os questionamentos, em LIBRAS, mediante a tradução do interprete virtual. Enquanto André explica os conteúdos para o restante da turma, deixa o multimídia ligado com a janela do VLibras aberta, traduzindo textos escritos por ele, sobre o tema que esta sendo ministrado, o educador declara que: "como sou eu o escritor dos textos, Clara, aprende as mesmas coisas que o restante da turma. Os colegas respeitam o tempo, o momento individual que preciso ter para sanar as duvidas dela".

Para o docente, a inovação, se tornou um meio de estudar fora da sala de aula e tentar amenizar a dificuldade adquirida desde sua formação, ele costuma treinar a LIBRAS através do aplicativo, traduzindo palavras e tentando imitar os gestos do interprete virtual. Os familiares, alunos e coordenadores aprovam o VLibras, incentivam sua instalação e utilizam-no para interagir com Clara dentro da sala, nos intervalo das aulas,  trabalhos em grupo e fora do âmbito escolar, quebrando o paradigma da exclusão. Clara afirma que o VLibras é uma arma muito vantajosa, deixando-a se sentir em condições igualitárias, comparado as demais pessoas, porém, não troca uma conversa em LIBRAS face-a-face  pelo interprete virtual.

Assim, o VLibras além de se enquadrando no artigo 1 da lei 10.436 em que “todos os recursos de expressão associados a LIBRAS são considerados como meio legal de comunicação”, representa um avanço para sociedade brasileira, alcançando os objetivos do governo de socialização e inclusão, expressos no artigo 77 da lei 13.146, onde “O poder público deve fomentar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a inovação e a capacitação tecnológicas, voltados à melhoria da qualidade de vida e ao trabalho da pessoa com deficiência e sua inclusão social”, aproximando os ditos “normais” dos surdos.  

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